Teatro | Moderno

 O Modernismo fez balançar as estruturas da dramaturgia romântica e realista.  Grandes nomes da arte realista como Machado de Assis e Monteiro Lobato criticaram severamente Semana de Arte Moderna (1922). Machado chegou a afirmar que os modernistas não passavam de uma “paulicéia desvairada”, já Lobato escolheu rever seus conceitos para ingressar posteriormente para o quadro de autores modernistas.

Os textos Modernos, traziam consigo ideais inovadoras,  tinham a real pretensão de apresentar maior veracidade às situações, encurtando o caminho de acesso e aceitação do público, por causa da proximidade e da verossimilhança das ações das personagens em relação à sociedade. Havia passado o tempo da perfeição do realismo, a personagem romanceada foi substituída pelo homem imperfeito, ambíguo, com defeitos e qualidades diversas, com o objetivo de compreender os sentimentos humanos. É dessa busca que surge o Surrealismo, o Dadaísmo e o Abstracionismo, que resultaram nas maneiras subjetivas de representarem o homem e seu cotidiano. 

É sobre o palco do Teatro Municipal de São Paulo, ainda na década de 1920, que os dramaturgos Oswald de Andrade e Álvaro Moreyra dão inicio as primeiras expressões dramatúrgicas embaladas no seio do modernismo, mas é a genialidade “indecente” e sem vergonha de Nelson Rodrigues que o torna, o maior representante do modernismo na dramaturgia brasileira. Foi “Vestido de noiva” de forma entrecortada e difusa que essa nova linguagem foi capturando o expectador e sem lhe dar a menor chance de defesa o fez mergulhar num mundo fragmentado de lembranças das personagens sem que necessariamente tivesse que obedecer a lógica do principio, meio e fim. É a fantasia, o presente e o passado se misturando até que sutilmente a personagem se revela através de si mesma ao publico.   

Plínio Marco
Plínio Marco, foi outro dramaturgo a se destacar com suas peças e suas expressões extremadas e sua crítica desmedida à sociedade brasileira. Dentre os muitos textos que escreveu temos o clássico Dois Perdidos Numa Noite Suja, peça que, em dois atos, destaca os problemas sociais virgentes em São Paulo, através da história de dois homens pobres que trabalham e moram juntos, que convivem na base da disputa de status, o que culmina na briga dos dois e na morte de um deles. Assim como Nelson Rodrigues, Plínio Marcos foi buscar no Naturalismo o contexto chocante que trabalha em sua obra,que vem carregada de uma sua visão pessimista o que muitos condenam,chamando  erroneamente de “mau gosto”.

O Teatro Moderno adquiriu importância ao trazer a publico discurções que eram de domínio privado, expondo sem a menor cerimônia e com riqueza de detalhes assuntos polêmicos permitido ao expectador a possibilidade de criticar, debater e pensar nas próprias atitudes e a partir daí tomar partido diante daquilo que participa e vê.

BIBLIOGRAFIA
BRECHT, BERTOLD, Estudos Sobre Teatro. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978
CIVITA, VICTOR, Teatro Vivo, Introdução e História. – São Paulo: Abril Cultural, 1976
MIRALLES, ALBERTO, Novos Rumos de Teatro. – Rio de Janeiro: Salvat Editora, 1979
SCHMIDT, MARIO, Nova História Crítica, Moderna e Contemporânea. – São Paulo: Editora Nova Geração, 1996
BOAL, AUGUSTO, Teatro Para Atores e Não Atores. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998
LAFFITTE, SOPHIE, Tchekhov. – Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1993
ROBERTO FARIA, JOÃO, O Teatro na Estante. – São Paulo: Ateliê Editorial, 1998

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por visitar nosso blog e deixar um comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Minha foto
GRACI CRUZ É Graduada em Licenciatura Plena em História/ UESPI; e em Artes Visuais/UFPI. Experiente na área de Artes Visuais, especialista em aquarela, amante do Teatro (Contadora de história e atriz profissional – DRT/PI, Registro n° 238/2005). É professora/ pesquisadora na área de História e Arte com foco na educação. Morou de 2006 a 2009, fora do Brasil, nas Antilhas Holandesas – Caribe; ampliando o contato vivencial com outras culturas. Fala inglês e espanhol com fluência. Editora do blog: www.sitok-sitak.blogspot.com onde publica artigos e informações sobre arte e cultura. Conheça também o projeto @museu.imaginário (IG) Instagram/ Portifólio: @graci_cruz1
"A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível."